Lembro que em meados de 2005 eu começava minha carreira de designer de interfaces cuidando do que se tornaria a multimídia da Agência Brasil, produzindo sites, infográficos e visualizações para a agência de notícias do governo. Naquela época a gente ouvia falar do W3C através do difícil e temperamental selo validador de acessibilidade – tableless estava recém entrando na moda. ActionScript era arroz com feijão, o Flash comia solto e as tabelas também, porque simplesmente não tínhamos como fazer diferente ainda.
Mais de cinco anos se passaram desde então. Enquanto eu tentava virar uma designer de verdade, o mundo mudou rápido: os smartphones se transformaram na principal atração para desenvolvedores; a Apple enforcou o Flash; os EUA e a União Européia entraram em crise e ficaram pobres; o agile veio tomar conta dos ambientes de desenvolvimento; Steve Jobs morreu, Dados Abertos governamentais tornaram-se o centro das atenções desde que Obama abriu os dados dos Estados Unidos e o Brasil passou a ganhar prêmios internacionais de produção de vinho. É exatamente nesse mundo de cabeça para baixo que começo a trabalhar no W3C Brasil.
A estrutura do W3C é bem parecida com a de qualquer outra comunidade de Software Livre: nada é hierárquico o suficiente para gerar concentração de poder e tudo é livre. Funciona com base na boa e velha lista de discussão e do bom e velho IRC.
O W3C existe da vontade de manter a internet cada vez mais aberta, livre e acessível para que possa continuar sendo uma plataforma de troca de conhecimento, comunicação e inovação. É uma rede de pessoas e instituições interessadas em gerar benefícios para todos a partir da internet livre, aberta e acessível.
O escritório do W3C aqui no Brasil conta com uma equipe pequena, mas multi-disciplinar: Reinaldo Ferraz, o popstar-acessibilidade; Caroline Burle, a especialista em politicas internacionais; Eduardo, o estagiário e o Vagner Diniz, nosso gerente que mais parece o Dr. House abrasileirado.
É uma infinidade de projetos, todos interessantes, cada um cuida de alguns vários. Entre Dados Abertos e a Open Web Plattform o lema é “internet aberta para todos”. É sempre bom navegar por ai pra conhecer mais sobre tudo isso.
Enfim, trabalhar no W3C Brasil é um desafio interessante. Ainda mais nesse momento onde a web se espalha com ares de ficção científica em equipamentos ubíquos, no contexto de um país onde ainda existe uma grande parte da população que nem sequer tem telefone analógico. É quase como escavar a parede, escalando.
Pra quem quiser saber mais sobre o W3C Brasil, aqui vai link para os Grupos de Trabalho, nosso Twitter, a página no Facebook, links para os padrões de A a Z e link pro site do evento internacional do ano que vem (a WWW13, no Rio de Janeiro). Até eu preciso navegar para entender melhor o tamanho do W3C no mundo, mas enquanto ainda não consigo resumir tudo em um desenho, me resta estudar…