Assistindo alguns vídeos sobre salto em altura nas olimpíadas, notei que os atletas possuem técnicas diversas para tentar ir o mais alto possível em seus saltos. A movimentação do corpo, aceleração, pé de apoio no lugar certo e precisão no salto são fatores que podem fazer a diferença para ganhar alguns centímetros. Mas e se algo falhar? Se o terreno estiver mais úmido ou um vento forte soprar bem na hora do salto? O atleta deve ter opções e possibilidades em seu salto. Exatamente por isso gostaria de escrever sobre saltos na web.
Há algumas semanas, a revista .net publicou uma matéria sobre navegadores baseados em WebKit (como Chrome e Safari) que não dão suporte ao recurso “saltar para o conteúdo”, uma forma simples do usuário passar por links repetidos em uma página web.
Salto para conteúdo (também conhecido como saltar conteúdo repetido) é recurso que possibilita o acesso rápido a informações. Basta aplicar um link no topo que leva a algum ponto na mesma página. Com essa técnica, pessoas que navegam via teclado (como cegos e pessoas com mobilidade reduzida) não precisam passar por todos os links de menu e conteúdo repetido para chegar na informação no centro da página.
Infelizmente esse recurso não funciona corretamente em todos os browsers. Navegadores baseados em WebKit (Chrome e Safari) não dão suporte adequado a essa funcionalidade. Se o usuário clica em um link para a mesma página utilizando o mouse, o navegador move a tela e coloca o elemento de destino no topo da página. Porém, ao navegar via teclado (utilizando a tecla tab, por exemplo) ao acionar o link para saltar o conteúdo repetido (utilizando a tecla “enter”) o navegador também leva o elemento de destino para o topo, mas o próximo “tab” feito via teclado passa para o próximo link sequencial e não para links na área em foco.
Isso pode ser um problema, mas para websites que utilizam os padrões web de forma adequada essa barreira pode ser superada com outros recursos.
Segundo uma pesquisa internacional feita com usuários de leitores de tela pelo WebAim em 2009, o uso do recurso “saltar para o conteúdo” é grande:
Resposta | % de Respostas |
---|---|
Sempre que estiver disponível | 22% |
Muitas vezes | 16% |
As vezes | 28% |
Raramente | 19% |
Nunca | 10% |
Sem resposta | 4% |
Fonte: Webaim – Survey of Preferences of Screen Readers Users – 2009
– Versão em português da Brasilmedia
Porém, a navegação por cabeçalhos é quase unanimidade.
Respostas | % de Respostas |
---|---|
Sempre que estiver disponível | 52% |
Muitas vezes | 24% |
As vezes | 14% |
Raramente | 5% |
Nunca | 2% |
Não Respondeu | 3% |
Fonte: Webaim – Survey of Preferences of Screen Readers Users – 2009
– Versão em português da Brasilmedia
A navegação por cabeçalhos consiste na utilização de teclas de atalho que os leitores de tela usam para navegar por elementos da página: “T” para tabelas, “F” para formulários, “H” para cabeçalhos e assim por diante.
Além de trabalhar a semântica da página de forma adequada, utilizando cabeçalhos (H1-H6) de forma correta você possibilita o acesso a informação de uma forma mais rápida ao usuário de tecnologia assistiva.
O objetivo desse post não é desestimular o uso do recurso “saltar para o conteúdo”. Muito pelo contrário. Esse é um recurso muito utilizado e extremamente útil para quem navega via teclado, mesmo que alguns browsers não deem o suporte adequado. O ideal é dar ao usuário outras formas de saltar o conteúdo repetido quando um dos recursos não estiver disponível. Como o salto do atleta que não tem o ambiente perfeito, mas mesmo assim ele completa seu objetivo.
*Versão original publicada no Blog do W3C Brasil